Quando você voa com medo, fica imaginando coisas como “e se isso falhar, e se aquilo quebrar, e se a energia acabar”?
Bem, pode ser que não existam coisas impossíveis na vida, mas a perda total de energia em uma aeronave de última geração está bem perto de ser uma dessas coisas inimagináveis.
A corrente AC é semelhante a que a gente tem em casa para ligar os eletrodomésticos na tomada, só que em casa a voltagem (tensão) é 110V (ou 220V) com uma frequência de 60 Hertz (ou seja, a luz na nossa casa “pisca” 60 vezes em um segundo). No avião não tem 220V, tem somente 115V com uma frequência de 400Hz. Já que alguém vai me perguntar por que é 60hz em casa e 400hz no avião, já vai a resposta: A vantagem dos geradores de 400hz e que eles precisam de menos “espiras” de cobre em seu enrolamento para gerar a corrente necessária. Menos cobre significa menos peso e menos espaço no avião. Uma regra geral em projeto de aeronaves dita que cada 1KG economizado no projeto significa 4,5KG de economia na operação, pois pode-se reduzir a estrutura e a quantidade de combustível para carregar o mesmo equipamento.
O sistema DC (corrente contínua) é parecido com o sistema que temos nos carros, só que os carros usam 12VDC e os aviões usam 28VDC. O sistema DC é usado para alimentar as telas dos instrumentos, os computadores e o sistema FLY-By-Wire. O computador da sua casa usa corrente DC, apesar de você o ligar na tomada.
Além daqueles três geradores principais (IDGs), existem mais dois (um em cada motor) chamados de Backup Generators (BUGs). Enquanto os motores estiverem funcionando, estes backup generators estarão disponíveis (mas não em uso, eles ficam na reserva) para suprir as partes essenciais de Força Elétrica AC.
E cada um desses dois BUGs possui 2 PMGs, que são Permanent Magnet Generators. Esses PMGs funcionam mesmo que o BUG falhe, já que eles são instalados diretamente no eixo do BUG, e enquanto o motor estiver girando, os PMGs estarão criando energia, mas essa energia é direcionada especificamente para os barramentos de controle de vôo (FBW). Percebam que eu disse enquanto o motor estiver “girando”, não precisa estar necessariamente funcionando.
Mas e se eles falharem?
Vai que o cara mais azarado do mundo está a bordo e os 4 PMGs falham ao mesmo tempo.
Bem, se isso acontecesse, os IDGs que alimentam as barras principais de corrente alternada passariam a alimentar o FBW, mas não de maneira direta, já que FBW é DC e IDG gera corrente AC certo? Cada barra AC alimenta um tipo de transformador chamado TRU (Transformer Rectifier Unit), que pega essa corrente AC e transforma para 28V DC, assim como a fonte do seu computador faz quando é ligado na tomada.
Vamos supor que a bateria falhasse também. Além de suar, o piloto começaria a fazer o sinal da cruz, pois a situação estaria ficando realmente crítica. Em um caso como esse, de falha de bateria, um geradorzinho movido a vento que fica escondido na barriga do avião já vai ter saído de seu esconderijo e começado a funcionar. Esse geradorzinho se chama RAT (Ram Air Turbine). Ele é movido a vento e o avião está voando, logo, vai gerar energia para os instrumentos essenciais e a “barra quente” da bateria, e continuaremos com dupla redundância nos barramentos FBW.
E não é só isso, este é um sistema MUITO, MUITO, MUITO confiável. Depois de saber tudo isso, será que ainda tem gente com medo de voar?
(Esse conteúdo foi retirado de http://www.avioesemusicas.com/por-que-voar-e-tao-seguro-repost.html)
Próximo post será de segurança nos trens!